terça-feira, 16 de agosto de 2011

Cicatriz


Certa vez um garoto pegou sua bicicleta azul e pequena, proporcional ao seu tamanho, a retirou da garagem e começou a passear com ela pelas ruas do seu bairro. Pedalou por várias ruas, tanto conhecidas como desconhecidas.
Conhecendo os ainda desconhecidos lugares, novas ruas, inéditas casas do bairro, percebeu um mundo ainda maior do que era conhecido em casa.
O único detalhe é que na volta para a casa, o menino passara por uma rua não asfaltada, como muita terra, pedras e galhos no chão.
Em um momento passando por cima de alguns galhos, um deles entrou no meio da roda, se prendeu aos raios da roda e parou brutalmente o movimento da bicicleta arremessando o garoto para frente e abrindo um grande machucado em sua perna e algumas lesões menores no resto do corpo.
Nada que alguns pontos, curativos, algumas dores e um tempo de repouso não resolvessem.
Hoje há uma cicatriz na perna desse menino.
Cada vez que olho a cicatriz me lembro de como aconteceu aquilo. Cada momento.
Há uma marca, há uma cicatriz, isso mostra o que aconteceu, mas há um detalhe, isso não me dói mais.
Muitas vezes a vida nos traz inquietações, dúvidas com relação ao futuro ou às pessoas.
Muitas dessas pessoas queridas fazem feridas nas nossas vidas, mas há um ponto importante, deixe que essa ferida sare e cicatrize.
O perdão humano não é necessariamente o esquecimento de um momento ruim, mas é a cicatriz que não dói mais e não afeta mais a sua vida.
A capacidade de esquecer um erro não compete a nós, mas a Deus. Perdoar o próximo é deixar que o machucado se cure e não nos afete mais.

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